domingo, 22 de junho de 2008

Adriana Esteves fala sobre seu sucesso no humor do 'Toma lá, dá cá'

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Adriana Esteves: comédia e drama

RIO - Uma dona-de-casa que vive dando faniquitos com a família ou uma mulher corajosa em seus últimos dias com o rei do cangaço. Para Adriana Esteves, tanto faz se a sua personagem é cômica, como a Celinha de "Toma lá, dá cá", ou dramática, como a Maria Bonita da peça "Auto de Angicos". O grande público, leia-se o de televisão, porém, vem ligando mais o seu nome a uma das moradoras do tresloucado Jambalaya Ocean Drive. No humorístico da TV Globo, escrito por Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa, a atriz, de 38 anos - lançada no quadro "Estrela por um dia", do "Domingão do Faustão - tem arrancado gargalhadas e dominado as cenas, principalmente quando surta num daqueles seus ataques cheios de caras e caretas, sacudindo o gigantesco e lisíssimo rabo-de-cavalo louro.

Ouça trecho da entrevista com Adriana Esteves

Celinha - uma impecável "administradora do lar", que se veste como aquelas mulheres perfeitas de anúncios dos anos 50, embora meio neurótica - foi criada pelos autores para Adriana. Falabella sabia que era um risco oferecer um papel cômico a uma intérprete que já fez tantas mocinhas dramáticas, mas a estrela topou o desafio e superou as expectativas.

" Adriana, assim como eu, vem do subúrbio do Rio e brinca, em sua Celinha, com um 'carioquês' cheio de ginga e expressões próprias. "

- Adriana, assim como eu, vem do subúrbio do Rio e brinca, em sua Celinha, com um "carioquês" cheio de ginga e expressões próprias, conferindo à personagem uma credibilidade fundamental - diz Falabella, que também atua na sitcom como o impagável Mário Jorge.

Maria Carmem aponta Adriana como uma revelação no humor. E o motivo é simples:

- Na vida real, ela é muito bem-humorada, espirituosa. Quando a gente conversa com ela, percebe como ela pode ser ainda mais engraçada - diz a autora, que compara o carisma de Celinha com o de Copélia (Arlete Salles). - Apesar de uma ser o oposto da outra. A Celinha seria a "popular politicamente correta".

Outro ator de "Toma lá, dá cá", Diogo Vilela acredita que Adriana se redescobriu na sátira.

- Seu potencial estava adormecido. Acho até que ela está se descobrindo nesta área - avalia ele, orgulhoso da colega. - Adriana está vivendo um grande momento de sua carreira. Ela merece estar sendo coroada. É uma trabalhadora.

A princípio, a atriz diz que seu encontro com o humor não deveria ser novidade para os telespectadores. Apesar de nos últimos trabalhos em TV ter vivido a heroína de "A Lua me disse" (de Falabella e Maria Carmem, em 2005) e a malvada Nazaré, na primeira fase de "Senhora do destino" (de Aguinaldo Silva, em 2004), ela acha que as pessoas já conhecem seu lado burlesco desde Catarina de "O cravo e a rosa" - trama de Walcyr Carrasco e Mário Teixeira exibida há oito anos. Mas, quando pensa em Celinha, reconhece que a personagem tem um grande apelo.

- Esse humor rasgado que eu faço no "Toma lá, dá cá" pode ser surpresa para os outros, mas para mim não é - diz ela, que, em seguida, pondera: - Mas, pensando melhor, lembro que outro dia, quando terminou a peça (em cartaz em São Paulo), que é trágica, vi uma pessoa aplaudindo, chorando e imitando aquele tique nervoso da Celinha - diverte-se ela, enquanto era maquiada, a seu pedido sem exageros, para a capa da Revista da TV, no Hotel Intercontinental, em São Conrado.

Adriana entrega que Celinha, às vezes, lembra algumas mulheres de sua família:

- Se eu fosse patricinha, seria ela. Se fosse dona-de-casa prendada, seria ela. É aquela brincadeira do faz-de-conta. Tenho o maior prazer em construir essa personagem. Ela me alegra. E é parecida com alguns parentes da minha mãe - diz a atriz, mãe de três filhos e casada (esta é sua terceira união) com o ator Vladimir Brichta.

" Sou suburbana (Adriana nasceu no Méier). Tenho impressão de que o subúrbio faz com que as pessoas fiquem mais autênticas. Quero isso para minha vida. "

Diretora do programa, Cininha de Paula acredita que "nem sempre por trás de uma grande atriz há uma grande comediante". O que, para ela, não é o caso de Adriana:

- Ela já tinha mostrado isso em "O cravo e a rosa", mas, num programa semanal, ainda não. É interessante vê-la crescendo no humor.

Aguinaldo Silva, com quem a atriz trabalhou em "A indomada", em 1997, não acha que o caminho de Adriana seja só o "da comédia levíssima dos seriados." E mais: ele diz que se preocupa com o número de atores de peso que vem se dedicando apenas a um gênero:

- Como Fernanda Torres, Pedro Cardoso, Selton Mello, Luís Fernando Guimarães, Diogo Vilela... Sem falar na própria Adriana, que acabou de aportar na comédia.

Para Walcyr Carrasco e Silvio de Abreu, no entanto, Adriana não precisa seguir um único caminho, podendo viver com segurança uma heroína romântica, uma bandida ou uma Celinha.

Ao olhar para trás, a atriz diz, sem medo dos clichês, que está plantando o que colheu:

- Sou uma pessoa que se joga, que se aprofunda, não tenho medo de mudar de opinião ou de pedir desculpas. Até tudo o que eu sofri, sofreria de novo. E falo de romances, família, "Renascer" (de Benedito Ruy Barbosa, de 1993, em que levou uma enxurrada de críticas). Somos o resultado de uma vida inteira. Tenho muito carinho e respeito pela minha trajetória.

Por causa das gravações e das apresentações da peça, Adriana faz valer cada minuto. Com ela, não há tempo a perder ou espaço para estrelismos. Chega 15 minutos antes do horário combinado para a entrevista e não quer saber nem de arrumar o cabelo.

- Sempre usei cabelo lisinho. De uns tempos para cá, se faço escova, depois eu me vejo nas fotos e parece que aquilo não está combinando comigo. Ninguém tem o cabelo assim, esticado. A gente trabalha, vai de um lado para o outro, parece que o cabelo está mentiroso. Agora me sinto melhor despenteada - garante. - Sou suburbana (ela nasceu no Méier). Tenho impressão de que o subúrbio faz com que as pessoas fiquem mais autênticas. Quero isso para minha vida.

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